Histórias e Contos Tradicionais na Biblioteca do Centro Escolar de Santiago

No âmbito da área de HCT - Histórias e Contos Tradicionais - a turma B do 1.º ano do Centro Escolar de Santiago tem tido sessões de narração oral na Biblioteca Escolar. Um dos contos narrados foi "O Nabo Gigante", na versão de António Mota. Com ilustrações e cores relacionadas com o texto, este livro alusivo à natureza e às colheitas, com um fenómeno pelo meio, termina com uma lição de entreajuda, de gratidão e confraternização. Recomendamos a leitura deste conto, sobretudo pela mensagem que transmite.

 

A professora: Ana Aidos.

 

(Fotografias: professoras Ana Aidos e Margarida Botelho.)

 








2019/2020: A experiência do 3.º período vista pelos alunos (conclusão)

Hoje concluímos a publicação de textos de opinião elaborados por alunos da Escola João Afonso de Aveiro, no final do ano letivo anterior, acerca da experiência por eles vivida no 3.º período.


#Estudo em Casa


Quando o coronavírus começou a "alastrar" e chegou a Portugal, muitos faziam perguntas do género "Como vou conseguir estudar?", "Como conseguirei que o meu filho continue a estudar?", "Será que vou ter de passar o dia todo em frente ao computador, numa videoconferência com o meu professor?". Estas questões têm todas uma resposta: #Estudo em casa! E é a minha opinião acerca deste assunto que vou apresentar hoje.

Foi uma experiência diferente, mas, pelo menos em muitos casos, muito produtiva. Apesar de ser muito boa, também há alguns defeitos que têm de ser referidos e comparados com as qualidades.

Devemos começar por uma das mais discutidas qualidades: o facto de os professores terem conseguido adaptar-se tão bem, sem estarem preparados para uma circunstância tão difícil e talvez constrangedora. Temos ainda de referir que, mais ou menos a meio do mês de maio, já todos os professores estavam perfeitamente adaptados à situação vivida. Na minha opinião, em relação às aulas do 6º ano, a grande maioria das explicações a que assisti eram facilmente compreendidas, tinham um vocabulário adequado à idade dos alunos e eram bem apresentadas (com esquemas em Power Point e vídeos da Escola Virtual e da Leya). Fez com que os alunos pudessem estudar em casa, de forma segura e organizada, e que sempre que quisessem ver uma aula que perderam, só tinham de ir a "rtp.pt" e conseguiam rever as vezes que precisassem.

Apesar de muitos pontos positivos serem visíveis, há críticas a fazer. Penso que um dos pontos negativos foi o facto de certas disciplinas terem dado matérias mais de 5º ano do que de 6º ano (Português, Matemática, HGP e Inglês). Em segundo lugar, a disciplina de Inglês era dada apenas uma vez por semana para os 5º e 6º anos, daí ser difícil dar muita matéria em apenas 30 minutos por cada sete dias, para dois anos de escolaridade diferentes. Além disso, a disciplina de HGP "saltava" muito em certos momentos da História importantes e, por vezes, dava mais matéria do 5º ano do que do 6º ano.

Em suma, penso que todos os professores que viveram um momento tão estranho e delicado fizeram um ótimo trabalho, apesar de certos detalhes negativos. Acredito que, sem as emissões do #Estudo em casa, teria sido menos fácil e divertido aprender.

 

Texto: Sofia Fernandes, 6º I / Clube de Jornalismo (julho de 2020)

Foto: Jornal de Notícias

2019/2020: A experiência do 3.º período vista pelos alunos (continuação)

 Hoje continuamos a publicação de textos de opinião elaborados por alunos da Escola João Afonso de Aveiro, no final do ano letivo anterior, acerca da experiência por eles vivida no 3.º período.

A experiência do estudo em casa


Nesta época da pandemia, as escolas tiveram de recorrer ao estudo em casa. Tudo foi diferente do que todos estávamos habituados, mas penso que foi muito útil, importante e agradável, pelas razões que vou apresentar.

Primeiro, porque nós alunos precisamos de aprender, e o 3º período iria fazer-nos muita falta para os anos seguintes. Iríamos por exemplo deixar para trás uma matéria que poderia vir a ser muito útil mais tarde. Para isso, tivemos o estudo em casa através da televisão e através das aulas síncronas.

Segundo, pois a escola é muito importante e é com ela que aprendemos variadas matérias para sermos alguém no futuro e, se não fosse a Internet, não conseguiríamos aprender nesta altura.

Por último, é claro que preferia estar na escola, mas esta maneira de aprender também foi interessante e diferente; continuámos a aprender e a estudar as diversas disciplinas.

Em suma, chega-se à conclusão de que esta experiência do estudo em casa fez com que nos tornássemos mais responsáveis e mais autónomos e foi como se estivéssemos na escola.  

Texto e foto: Maria Gabriela Leitão, n.º 19, 6º I (julho de 2020)

 

2019/2020: A experiência do 3.º período vista pelos alunos (continuação)

Hoje continuamos a publicar textos de opinião elaborados por alunos da Escola João Afonso de Aveiro, no final do ano letivo anterior, acerca da experiência por eles vivida no 3.º período. 



Estudar a partir de casa

O estudo em casa foi uma forma engenhosa e inteligente para os alunos não pararem os estudos durante a quarentena.

Muitos recursos foram utilizados, tais como ter aulas por videoconferência ou aulas a partir da televisão, para permitir aos alunos continuarem a sua aprendizagem. Assim, a minha casa tornou-se a minha escola.

No início, foi um pouco confuso encontrar-me confinado em casa e não poder estar com os meus amigos da turma. Tive de me adaptar a ter aulas a partir do computador, realizar as tarefas semanais com a ajuda dos meus pais, que se tornaram também os meus professores. Senti falta de estar numa sala de aula com os professores e sobretudo os meus amigos, porque era mais fácil aprender estando todos juntos. Senti falta igualmente do companheirismo no estudo. Estudar sozinho em casa foi aborrecido.

Tenho saudades da minha antiga liberdade. 

Texto e foto: Matias Lameiras Alves, 6ºD (julho de 2020)



As minhas aulas à distância

Quando, em março, nos disseram para ficarmos em casa, nunca pensei que acabaria a azáfama e a correria do acordar dos dias de escola.

Depois da Páscoa, comecei a aperceber-me de que o Covid19 estava para durar. E agora, as aulas como seriam?

Rapidamente, os professores se organizaram e o Teams começou a fazer parte da nossa rotina. A maneira como cada um de nós viveu esta nova modalidade do Ensino à Distância foi, certamente, diferente em cada casa. Na minha, não foi fácil esta adaptação. Um computador, um tablet e Internet para uma mãe professora e dois filhos alunos, um no oitavo e eu no sexto ano. Muitas vezes, as aulas síncronas coincidiam e a nossa sala de estar tornava-se numa aula caótica, onde três matérias diferentes se misturavam.

Um novo computador e a adaptação de novos espaços em casa foi a solução encontrada.

As aulas continuaram, não da maneira que todos gostariam, mas da melhor maneira possível.

Apesar de todas as contrariedades, professores e alunos fizeram o seu melhor e merecem um grande louvor.

Espero que o próximo ano letivo seja diferente e acredito que tudo vai ficar bem! 

Mafalda Oliveira Rocha, nº 21, 6ºG (julho de 2020)

 

 

        


2019/2020: A experiência do 3º período vista pelos alunos

No início de um novo ano letivo (e que ano letivo!), vamos hoje iniciar a publicação de textos de opinião elaborados por alunos da Escola João Afonso de Aveiro, no final do ano letivo anterior, acerca da experiência por eles vivida no 3.º período. 

Aulas em casa vs. aulas presenciais



Da China, surgiu um vírus que nos obrigou a continuar as aulas e o nosso estudo em casa. Foi um tempo de mudanças, tanto para os alunos, como para os professores e mesmo para os pais. Todos tiveram de se habituar a esta nova realidade. Esta forma de ensino teve os seus pontos positivos e negativos e agora, que começam as férias de verão, está na hora de fazer uma comparação entre os dois tipos de aprendizagens.

Primeiro, vou falar sobre a organização do estudo, pois a meu ver organizei-me melhor nas aulas em casa do que em tempo de escola. Nas aulas presenciais, eu não marcava os trabalhos que tinha de fazer, lembrava-me (normalmente) de cabeça. Já em casa, eu marcava tudo num calendário. Este planeamento também foi muito importante porque no estudo em casa passámos a ter mais trabalhos do que na escola, o que exigiu uma melhor organização.

Em segundo lugar, quero referir a forma de tirar dúvidas, pois, na escola, podíamos falar com os professores presencialmente, nas aulas ou nos intervalos, mas em casa tínhamos de escrever ou dizê-las nas videoconferências. Uma dúvida fica sempre mais bem explicada se for “cara a cara”, porque por mensagens, podemos escrever uma coisa e o nosso recetor pode estar a perceber outra; é mais complicado.

Em terceiro lugar, quero falar sobre as aulas por videoconferência. Considero que foram úteis para o esclarecimento de dúvidas, para a correção de fichas e para dar matéria, mas as videoconferências eram, muitas vezes, prejudicadas por falta de WI-FI, alunos que desligavam o microfone dos colegas ou dos professores…

Em quarto lugar, queria referir a plataforma Teams. Ela teve os seus pontos positivos e negativos. Por um lado, eu achei a plataforma ótima, porque ela tinha um lugar específico para cada necessidade. Quando queria falar com algum colega ou professor em privado, ia às “Conversas”. Quando queria entregar algum trabalho, ia às “Tarefas”, que estavam organizadas por disciplinas, assim como as “Equipas”, onde eu podia partilhar uma dúvida com toda a minha turma; o “Calendário” tinha todas as minhas aulas síncronas organizadas por dia e hora. Mas por outro lado, a plataforma tinha algumas coisas que precisavam de ser melhoradas e isso aconteceu, por exemplo, com o número de pessoas que podiam ser visíveis no ecrã (no início só quatro pessoas eram visíveis, depois, mais tarde, aumentaram para nove). Outras coisas era preferível não terem alterado, como a entrega de trabalhos em atraso (no final do período, já não podíamos entregar os trabalhos em atraso).

Em penúltimo lugar, quero referir, brevemente, a avaliação neste período. Em algumas disciplinas, houve mini-testes, mas nada comparado com a quantidade de testes que tínhamos na escola. Alguns professores organizaram questionários sobre a matéria ou sobre as atividades. Nos trabalhos, era muito útil quando os professores deixavam um comentário a dizer o que podíamos melhorar. Neste período, a avaliação contou mais com a nota dos trabalhos e com a participação nas aulas online.

Por fim, queria só deixar um comentário sobre a telescola, o #EstudoEmCasa, que teve os seus altos e baixos. Os pontos altos foram o facto de ser para o 5º ano e o 6º ano, pois às vezes ajudava-nos a recordar matéria passada, e também por ser uma aula-extra, com exercícios e maneiras novas de se explicar os conteúdos. Mas por outro lado, ao juntar 5º e 6º anos, por vezes era confuso e os professores ficavam com pouco tempo para abordar tudo o que era preciso. Estavam a dar aulas na televisão pela primeira vez e isso notava-se na atrapalhação.

Em suma, na minha opinião, as aulas presenciais são muito melhores e mais produtivas, mas a solução arranjada, desde as plataformas ao #EstudoEmCasa, foi muito boa e tornou-me mais autónoma e mais organizada.

Texto e foto: Ana Leonor Pais, nº4, 6ºI, Escola Básica João Afonso de Aveiro, Clube de Jornalismo (julho de 2020).

No mar das sereias

Antes de fechar para férias, o Jornal Moliceiro gostaria de oferecer aos seus leitores três textos elaborados por alunos do 6º ano da Escola João Afonso de Aveiro, na disciplina de Português, no 3º período. 
Os alunos deveriam imaginar o que aconteceria a Ulisses se não tivesse resistido ao canto das sereias e se se tivesse libertado das cordas que o prendiam ao mastro do navio. Um dos alunos, o António Fareleira, além do texto, ofereceu-nos também uma ilustração. Os nossos leitores já o conhecem, pois desde o ano passado que é um colaborador regular do nosso jornal. É da sua autoria o texto "Nabo, mas inteligente". Os outros dois textos são da Sofia Fernandes, um dos elementos mais ativos do Clube de Jornalismo, e da Mafalda Rocha, que recentemente nos ofereceu o texto "Um príncipe YouTuber?". 


Alguém no mar


Ulisses sentia-se frustrado com os seus companheiros e gritava-lhes quanto podia para que estes o libertassem das fortes cordas que o prendiam ao mastro. Mas nenhum marinheiro, nem mesmo um, o conseguia ouvir, porque todos tinham os ouvidos tapados com cera.

Encantado com o canto das sereias, só queria sair dali para o ouvir mais de perto, pois parecia Penélope. E sem saber o que esperava, conseguiu soltar-se e caiu no mar.

Começou a ver peixes muito bonitos e enquanto mergulhava, avistou as sereias que há pouco eram tão belas e agora monstros sem orelhas, vestidos com maldade.

Agora já não se sentia encantado, muito pelo contrário. Estava assustado e amedrontado. Só pensava: “Porque é que tive esta ideia?!” ou “Como é que fui enganado assim por monstros marinhos que me querem matar?!”.

Mas percebeu que ainda respirava, pois ainda lhe restava a erva da vida que Atena lhe tinha oferecido.

Quando as sereias se aperceberam disso, levaram-no imediatamente à rainha. Duas sereias levaram-no para o palácio, enquanto as outras à volta serpenteavam as suas línguas finas, furiosas.

Ulisses estava apavorado. Chegou às portas do Palácio donde saíram cavalos-marinhos a puxar um coche de coral com um peixe cocheiro e alguém lá dentro.

Quando a sombra saiu do coche, interrogou as sereias:

– Para que é este humano?

            – Majestade, não sabemos o que lhe dizer, mas não o conseguimos matar com o nosso canto.

            – Muito matreiro, este humano! Eu sou Serólea, a rainha das sereias e tu, como te chamas? – perguntou-lhe, quando já todos tinham ido embora.

            – Chamo-me... Chamo-me... Alguém!

– Que onda de nome te deram, criatura da superfície! Eu levar-te-ei para o Palácio e dar-te-ei muito que comer.

            Ulisses, já no seu novo quarto, olhava pela janela os campos de algas, os cavalos-marinhos, os peixes-boi... e, claro, as sereias, que ainda estranhavam a rainha das sereias não lhe ter tirado a vida.

            Passaram dois dias, três dias e Ulisses continuava desconfiado. Queria voltar para o seu barco, para junto dos seus marinheiros. Mas a verdade é que o oceano é grande, e as sereias não o queriam deixar ir.

            Naquela noite, Ulisses não conseguia dormir, só de pensar na sua tripulação que já podia estar em Ítaca. De repente, uma sombra entrou. Era Serólea. Ela queria descobrir o que fazia com que Ulisses respirasse debaixo de água, mas foi Ulisses que a surpreendeu, pegou na erva da vida e saiu pela janela a nadar.

            – Acudam, meu povo! Alguém vai fugir! –  gritou a rainha.

            – Sim, mas quem? – responderam as sereias em coro.

            – Não percebem, suas tolas! Alguém está a tramar-me!

            – Isso não interessa se não soubermos quem é!

            – Miseráveis! Eu própria apanharei Alguém! – berrou.

            As sereias encolheram os ombros e olharam umas para as outras com ar confuso.

Depois de ouvir esta conversa, Ulisses nadou o mais que pôde. Mas Serólea agarrou-o e roubou-lhe a erva, depois olhou para ele e riu-se. Ulisses começava a perder o ar, pois era graças à erva que respirava no mar.

– O tempo está a esgotar-se! – declarou, calmamente. –  Aahh!... PUM!

Uma âncora caiu-lhe na cabeça. Eram sem dúvida os seus marinheiros, ou melhor... os seus amigos. Ela afundou-se e a erva dissolveu-se. Ulisses já avistava a espantosa luz do sol. Quase sem fôlego, voltou à superfície.

Os seus companheiros saudavam-no enquanto ele subia pela corrente da âncora.

Agora estava um dia lindo e Ulisses pôs-se a contar a sua aventura a todos os que o queriam ouvir. Mal ele sabia o que estava para vir…

 

Texto e ilustração: António Fareleira, 6ºG (junho de 2020)

 



Um espinho milagroso

            Ulisses soltava-se lentamente das cordas, até que o belo canto que este ouvia levou-o ao alto, e de repente, fê-lo mergulhar profundamente. Enquanto o fazia, avistava peixes de todas as cores e espécies; a água era límpida, majestosa e transparente; os corais eram raríssimos e espantosos. Quase no fundo do mar, as sereias começaram a aparecer, as caudas coloridas e os biquínis a combinar. Ulisses sentia-se cada vez mais leve, sem problemas, sem obrigações, a cada centímetro que percorria.

    Finalmente chegou ao trono de Pérola, a Rainha das Sereias, que estava surpreendentemente vazio. Até que esta apareceu por trás de Ulisses:

            – Ulisses, Ulisses! – chamava ela, cantando suavemente.

            –  Estou aqui – respondia Ulisses, encantado.

            –  Vem até mim! – chamava Pérola, cantando, já sentada no seu trono.

            Ele obedeceu e assim caminhou até ela, mas durante o percurso, pisou num espinho, que por milagre o desencantou e fê-lo compreender que estava a correr perigo.

            Ulisses sabia que, se começasse a fugir, iriam apanhá-lo. Então, disse a Pérola:

            – Irei ter contigo, minha deusa, mas estou encantado com a tua cauda. Como queria ter uma igual!

            Pérola, sem pensar duas vezes, exigiu a melhor cauda. Foi o que as sereias fizeram, trouxeram-lhe a cauda para Ulisses. Este, depois de a vestir, fingiu ir ter com a Rainha, mas num piscar de olhos de Pérola, já ia a fugir.

            Entrou no barco e pediu aos companheiros para o ajudarem a fugir das sereias. E juntos conseguiram ficar em paz, longe do perigo.

 

Texto: Mafalda Oliveira Rocha, 6ºG (junho de 2020)

 

 

Ulisses e as sereias, de John William Waterhouse, 1891
Óleo sobre tela; 100,6 cm x 202 cm; National Gallery of Victoria (Melbourne, Austrália), 




No mar das sereias

E lá estava Ulisses, mergulhando em água fria, gélida, que mais parecia um frigorífico ou um congelador do ano 2020. Estava assustado por ter ouvido a voz de Penélope, a sair do fundo do mar bravo.

Havia corais e algas à sua volta, peixes nadando ao de leve pela água límpida, sempre atentos, um pouco receosos, mas felizes por estarem num espaço repleto de plantas de todas as cores possíveis. Parecia tão belo como um jardim aquático, em que sereias nadavam em volta de algo parecido com uma fonte que permitia às misteriosas criaturas passar do Mar Mediterrâneo para qualquer outro sítio.

E ali estava o castelo subaquático com Sereianos que tinham a missão de proteger aquele monumento. Era extraordinário, havia tochas de luz quente entre todas as portas e janelas! Do castelo, era possível ver-se o maravilhoso jardim subterrâneo, repleto de flores e plantas marinhas. O castelo era igualmente fantástico. Viam-se silvas, cheias de espinhos em seu redor, que impediam que algum indesejado lá entrasse. Era mais bonito do que uma fonte a soltar ouro! Até Ulisses acreditava que estava a alucinar! Era feito de prata, e com todas as jóias e pedras preciosas que as Sereias tinham conseguido trazer do pobre Nilo, com ajuda da fonte. E lá entrou Ulisses, enfrentando o desconhecido.

Mas, ao entrar nesta aparente maravilha, viu apenas um pequeno compartimento, a que deram o nome de sala. Lembrou-se então que estava debaixo de água... e que estava a ficar sem ar!

De repente, apareceu-lhe a Rainha das Sereias, que fingira a voz de Penélope desde o princípio. Possuía longos cabelos, amarelos esverdeados, tinha expressão ausente, uma cauda escamosa, cor de nuvem carregada de chuva, pronta para soltar um trovão. Esta tapava-lhe todo o corpo, à exceção da cabeça e das mãos, cobertas de membranas elásticas.

A sua personalidade não era muito diferente deste elemento da natureza. O seu nome era Florbela, embora a sua aparência não lembrasse uma flor nem nada de belo. Sempre que ostentava um ar aborrecido, o melhor era não falar com ela e, com o tempo, ela iria optar por uma expressão mais neutra. Aparentava sempre um sorriso constrangido, pois nunca conseguia o que realmente queria. Muitos afirmam que ela já cometera assassínio, enquanto outros juravam pela sua alma que era uma rainha perfeita.

Ao chegar perto de Ulisses, deu-lhe uma espécie de bola de sabão gigante, para ele colocar na cabeça e respirar livremente. O inocente e, às vezes, ingénuo guerreiro aceitou, e de bom grado, a oferta de vida debaixo de água. Ele resolveu explorar o fundo daquele desconhecido mar para salvar Penélope e voltar para junto dos seus.

Mas esses não eram os planos da Rainha daquelas estranhas criaturas. Primeiro, decidiu conversar com o mortal, como sempre fazia com quem por ali passava.

– Ulisses, meu caro amigo! – disse a sereia, com um tom de voz desigual, indiferente e forçado de alegria em ver aquele grego. – Que bom ver-te por estas bandas! O que te traz aqui?

– Não me deixo enganar pelos teus truques! Não finjas que não sabes o que se passa! Onde está a minha mulher?! Preciso de saber onde está Penélope! E depressa! - acrescentou, vendo a despreocupação da criatura perante a sua exclamação.

– Ela não está aqui – respondeu-lhe a Sereia, com secura, mostrando verdadeiramente que só estava feliz por uma razão...

– Onde está ela?! O que lhe fizeste?! Mataste-a?! Prendeste-a?! SOLTEM-ME! - gritava o infeliz, enquanto era preso pelos... guardas “sereianos”.

O que elas não sabiam é que Ulisses era manhoso e tinha sempre um truque na manga, mesmo que esta estivesse coberta de algas e toda ensopada. Fingindo-se inofensivo, pediu apenas à Rainha que lhe desse uma espada de ouro, para poder comer um último peixe, antes de morrer.

Desinteressada, mas sem se importar com esta proposta absurda, a Sereia não hesitou e lá lhe deu a espada, como o mortal tanto queria. Mesmo cheia de certezas de que nada iria falhar no seu plano, a maldita ordenou que três guardas o levassem até uma espécie de compartimento, para Ulisses poder comer, o que ela pensava ser a sua última refeição.

Quando o grande guerreiro se preparava para cortar o peixe... ZÁS! O golpe não foi executado no animal, mas sim nos pescoços dos guardas! E assim foi, com todos aqueles que se atravessavam no seu caminho, para o impedir de chegar junto dos seus companheiros.

E lá ia Ulisses, arrependido por não ter ligado aos conselhos de Circe, voltando à superfície, quase sem fôlego, depois daquela estranha e louca aventura.

Alguns peixes, inteligentes, contam que o resto dos corpos se desfez, mas o sangue moveu-se para a fonte que levava os seres para qualquer lado, e foram parar às águas da Arábia, daí o nome "Mar Vermelho".

Devem estar a pensar: "Então, onde estavam os companheiros de Ulisses?". Ora, estes, sabendo da manha do seu mestre e grande amigo, esperaram apenas, para que conseguissem voltar à sua outra aventura de regresso a casa.

Apenas posso dizer que Ulisses respondeu a todas as perguntas da seguinte forma:

– Quando chegarmos a Ítaca, relembrarei esta aventura como o dia em que manuseei a espada de ouro e criei o Mar Vermelho!

 

Texto: Sofia Fernandes, 6ºI (junho de 2020)




Como responder a um desafio do #EstudoEmCasa?


Hoje publicamos dois textos descritivos feitos por alunos do 6ºG, na disciplina de Português, um trabalho proposto pelas professoras e Português do programa da RTP Memória #EstudoEmCasa. O "desafio" consistia em fazer o retrato físico e psicológico do Príncipe Nabo nos dias de hoje. Este príncipe é a personagem principal da obra O príncipe Nabo, de Ilse Losa, Edições Afrontamento, 2014.


Nabo, mas inteligente

     O Príncipe Nabo usa roupas muito menos formais do que os reis de antigamente. É um príncipe jovem, nem muito magro, nem muito gordo. É tão alto como uma zebra, apoiada em quatro patas, e tem um cabelo castanho, curto e liso, como um pequeno lago calmo, com um só peixe. O seu rosto retangular lembra a qualquer pessoa um edifício de quatro andares em miniatura e os seus olhos prados verdes e campos de cultivo. Nariz igual ao dele é impossível. Quem olhar para ele reconhece logo o príncipe. Tem lábios finos e um hálito de flores e as suas orelhas redondas escutam aquele perfume e observam aquela música da natureza.
Do seu reino é, sem dúvida, o mais inteligente, mas também o mais trapalhão. Adora jogar videojogos e sempre que é chamado para o banquete real, tropeça e parte uma jarra ou uma estátua cara. Só um macaco mordomo poderia ser mais trapalhão.



Texto e ilustração: António Gomes Fareleira, 6ºG




Um Príncipe YouTuber?


O príncipe Nabo é um jovem de 20 anos, alto e magro.
Os olhos e o cabelo são da cor das deliciosas amêndoas de chocolate. Tem um nariz pequeno e uma boca aparentemente delicada e avermelhada. O seu queixo é bastante alongado e até barba tem.
Gosta muito de seguir a moda. Por isso, normalmente usa t-shirts coloridas e umas calças de ganga que combinam muito bem com um cinto preto. Usa também sapatilhas bastante confortáveis e, não esquecendo, modernas.
Este jovem é vaidoso, um bocado invejoso, mas muito inteligente e curioso. É tímido e nunca desiste de algo até ter respostas. É um rapaz sorridente, tal como as mulheres dos anúncios de pasta de dentes. Está habituado a ler desde pequenino e, por isso, gosta bastante de estudar, embora prefira cozinhar diferentes tipos de pratos e gastronomias. Adora passear por parques, sobretudo com a família e amigos.
Ele tinha um sonho de ser YouTuber, mas sempre que lhe perguntam qual é o seu sonho, responde que é poder fazer uma operação ao queixo, devido ao bullying que sofria em criança.
   
Texto e ilustração: Mafalda Rocha, 6ºG

A propósito da aula de Cidadania dada pelo Presidente da República no #EstudoEmCasa



Hoje publicamos alguns comentários suscitados pela aula de Cidadania dada pelo Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, no dia 15 de junho,  às 13:30h, na RTP Memória, no âmbito do programa educativo #Estudo em Casa.
Estes depoimentos foram enviados pelos alunos do 10ºC da Escola Secundária Homem Cristo à professora de Cidadania e Desenvolvimento, na plataforma Teams. 
                                                                             

Achei a aula bastante interessante, pois falou-se de um assunto  muito importante nesta altura, a pandemia! Falou-se das regras a respeitar e fomos também alertados pelo Presidente para a importância de as continuarmos a cumprir. Agradeço a sugestão! Até sexta! Pedro Loureiro

Pareceu-me que o professor Marcelo esteve bastante à vontade, pois o cargo que ocupa o obriga a falar frequentemente em público e, além disso, é professor. Como sabia que o público era muito jovem, usou um discurso simples, sem deixar de focar os aspetos fundamentais do tema que se propôs tratar. Assim, as Lições da Pandemia foram abordadas em dez tópicos, todos eles, a meu ver, muito pertinentes. O último pareceu-me de grande importância, porque nos permite uma reflexão sobre todos os outros. Referindo-se ao final do terceiro período, afirmou que vivemos “o mundo de pernas para o ar” e lembrou que as coisas terem corrido menos bem “não é o fim do mundo”. Termos vivido o que vivemos, foi a mais importante aula da nossa vida, uma experiência única que não deve ser esquecida e que nos deve fazer pensar em todos as nove  “lições” que apresentou anteriormente: a importância da vida e da saúde; a necessidade de uma união mundial de esforços na prevenção e combate da pandemia sem excluir ninguém (não há cidadãos de primeira e de segunda); a compreensão tardia por parte da Europa de que o vírus não conhece fronteiras; a gratidão que devemos ter para com todos aqueles que estiveram expostos, trabalhando para que pudéssemos estar em casa; a obrigação de cumprir regras por parte dos mais novos para protegerem os mais idosos e doentes; a preocupação que devemos ter por haver muitos pobres e carenciados que estão mais vulneráveis; a gratidão para com os emigrantes a quem tivemos de pedir o sacrifício de não virem a Portugal neste período e que perceberam que esta era uma causa nacional; a dificuldade de estarmos em casa e os aspetos negativos e positivos desse isolamento e a descoberta do valor das pequenas coisas, que muitas vezes nos passam despercebidas.
Gostei da aula dada pelo sr. Presidente porque, embora tenha feito uma exposição longa, foi um bom comunicador e motivou a minha reflexão sobre alguns aspetos que talvez não tenha ainda valorizado suficientemente. Tiago Costa

            Eu vi a aula do Professor e Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e gostei da forma simples como ele tratou o tema da pandemia e as suas consequências para a sociedade e a economia. Na minha perspetiva, foi muito interessante a apresentação e a explicação das 10 lições que, segundo ele, podemos retirar da atual situação em que vivemos. Também gostei do facto de ele ter dito que estamos a viver um período que será mais tarde recordado para os nossos filhos e netos. É uma experiência única e marcante. Para concluir, devo dizer que gostei da afirmação que transmitia a ideia de que o melhor professor reside na vivência deste período único e singular das nossas vidas. Em resumo, o Professor Marcelo conseguiu transmitir energia positiva e força aos jovens para continuarem a cumprir as regras sanitárias e a viver da melhor forma possível este período, com esperança no futuro! Afonso Proença


Achei a aula do professor Marcelo muito interessante, uma vez que o professor mostrou as boas e más partes desta situação e relembrou as regras de segurança.  O Professor Marcelo conseguiu dar uma aula de forma muito cativante, apesar de o assunto abordado já ter sido falado inúmeras vezes. Gostei muito de assistir. Obrigada! Marta Condeço

Devo confessar que achei esta aula muito importante. Já estamos dotados de vários conhecimentos e avisos relativamente a este tempo atípico que tentamos ultrapassar, mas quando vem de uma figura que todos respeitamos (ou pelo menos devemos), parece que tudo se interioriza de uma forma mais eficaz. Com isto, devo dizer que o que tiro daqui é que devemos continuar confiantes e a lutar, pois é uma luta conjunta e todos ansiamos por momentos melhores, sem medos e sem restrições, no entanto, para isso, todos os cuidados devem ser mantidos. Lara Andrade

Partilho a mesma opinião que os meus colegas. Achei a aula interessante e motivadora! Estou agradecida por ter partilhado essa informação connosco. Cláudia Gadelho


Achei uma aula interessante, uma vez que se tratou de um assunto bastante comum e falado nesta altura, a pandemia! Continuo a respeitar todas as regras, mas foi importante mais um alerta dado pelo Presidente! Obrigada. Carolina Dias

            Eu acho que esta aula foi importante, pois fez-nos recordar o esforço que temos feito ao longo destes meses e que, apesar das saudades que sentimos, devemos manter todos os cuidados para nos protegermos e os que nos rodeiam. Virgínia Linhares

Achei uma ótima ideia poder assistir a uma aula do nosso Presidente da República. Sinto-me mais motivado para continuar a lutar contra esta pandemia! Obrigado pela informação. Francisco Arada

Achei uma excelente ideia o facto de o Presidente Marcelo conseguir transmitir-nos tanta esperança e energia positiva através de uma única aula. Além disso, também me sinto mais à vontade e mais informado sobre esta pandemia. Do mesmo modo, o Presidente, e professor, Marcelo Rebelo de Sousa consegue cativar-nos de uma forma organizada e clara, transmitindo a sua mensagem a muitos estudantes pois, de facto, foi uma aula a não perder. Tomás Esteves

 Depoimentos recolhidos e enviados pela Professora Dulce Novo

Lançamento do 2º número do Jornal Moliceiro


No momento exato em que deveríamos estar a fazer a festa do lançamento do 3º número, estamos a anunciar o segundo. 

Depois de ter estado confinado três meses, cá está ele, nas Escolas Homem Cristo e João Afonso. 

Esperamos que este tempo de "desconfinamento" signifique o renascer deste jornal, um dos elos do nosso Agrupamento. 

Contamos convosco!  

A equipa do Jornal Moliceiro




Harry Potter: uma exposição inesquecível!


De 16 de novembro a 8 de abril de 2019, esteve patente ao público, em Lisboa, uma exposição com artefactos utilizados na saga dos filmes de Harry Potter.

Esta exposição não era só interior, mas também exterior. Por toda a cidade de Lisboa, havia estátuas de vários objetos (6), em tamanho grande, utilizados nesta saga, nos quais figuravam a personagem Dobby (um elfo) e o carro dos Weasley. No dia anterior à abertura, a exposição contou com a presença de dois atores dos filmes, James e Oliver Phelps, que interpretam as personagens Fred e George Weasley.

A exposição tinha cenários, objetos e figurinos utilizados para realizar as gravações. Alguns dos cenários utilizados foram: a estufa de herbologia, a cabana do Hagrid, a floresta proibida e o salão principal.


Como figurinos, encontravam-se fardas de Hogwarts e de Quidditch, capas das professoras e professores, etc.

Alguns dos adereços utilizados para a realização dos filmes foram a espada de Godrig Gryfindor, os talismãs da morte e objetos relacionados com Quidditch. No caso de algum não mágico estar a ler isto, podemos explicar. A personagem Rubeos Hagrid é o guarda das chaves e dos campos de Hogwarts, e um dos grandes amigos, desde o início, do Harry. Godrig Gryffindor foi um dos quatro fundadores da escola de magia e feitiçaria de Hogwarts; os talismãs da morte são três objetos que se acredita que o feiticeiro que os possui se torna o senhor da morte, imortal. Quidditch... digamos que é como o futebol para os não mágicos, só que há sete jogadores em cada equipa; estes montam em vassouras voadoras e não há apenas uma bola, mas sim, quatro.

Na exposição do Harry Potter em Lisboa, havia muito para ver. Tudo era muito interessante, mas, apesar de muitos aspetos positivos, também temos pontos negativos a apontar. Já que ambas fomos à exposição, estivemos a dialogar e chegámos à conclusão de que estamos de acordo tanto nos aspetos positivos como nos negativos.
Começando pelos primeiros, muitos dos objetos que lá se encontravam eram difíceis de fabricar, por isso, muitos pensavam que era (no filme) uma montagem (exemplo: caixa de surpresas). Foi muito interessante o facto de podermos interagir com alguns dos objetos (mandrágoras e poltrona do Hagrid). Além disso, a cada cenário correspondia uma música (a floresta proibida tinha uma música assustadora e rugidos das criaturas mágicas). Quem não tinha áudio-guia, podia ouvir ou ler informações sobre cada espaço ou notas dos realizadores, produtores, etc. Finalmente, a loja tinha objetos em grande quantidade.

Apesar de tudo, também há algumas verdades que têm de ser aqui escritas. Algumas partes da exposição eram demasiado escuras, e como não se podia usar flash, era difícil obter uma fotografia de boa qualidade desse sítio (floresta proibida). Alguns objetos pequenos, mas muito simbólicos para a história estavam, por vezes, mal posicionados, logo eram difíceis de ver (óculos do Harry Potter). Um dos locais foi muito difícil de ser visto, pois, quando lá passámos, devíamos andar muito depressa e mal tínhamos tempo de tirar fotografias (expresso de Hogwarts). Para quem tinha áudio-guia, uma das consequências era o facto de este dar muita informação, logo demorava demasiado tempo a explicar certas coisas que poderiam ser ditas muito rapidamente. Finalmente, o preço de certas recordações era muito elevado.

Concluindo, nós gostávamos de ter passado muito mais tempo lá dentro. Apesar dos pontos negativos, nós gostámos muito e queríamos voltar a presenciar esta maravilha! Para nós, foi voltar a viajar nas fabulosas aventuras deste nosso querido herói que nos prende de uma maneira irresistível.
Como já não poderás ver a exposição, aceita o nosso conselho: lê os livros do Harry Potter. Se nunca leste, porque não começas por Harry Potter e a Pedra Filosofal?

Texto e uma foto (espada): Ana Leonor Pais e Sofia Fernandes, 6ºI, Clube de Jornalismo
Fotos: Catálogo da Exposição (produtoras Everything is new e Encore (CreativesExpositions).